Escalada esportiva: como acompanhar a estreia da modalidade nas Olimpíadas

Conheça mais sobre a modalidade que é tendência no universo fitness e envolve força, velocidade e estratégia
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Já faz um tempo que a escalada indoor tem sido apontada como uma tendência no universo fitness. Em parte, porque ela é um dos esportes que vão estrear no quadro olímpico nos Jogos de Tóquio, que começam em julho deste ano. Mas também porque a prática desenvolve habilidades físicas, como a força (prepare-se para descobrir músculos que você nem sabia que existiam), a flexibilidade e a resistência, além de competências mentais, já que exige foco, raciocínio rápido e autoconfiança para superar a altura.

Ainda pouco praticada no Brasil (estima-se que existam 51 ginásios de escalada no país – são mais de 400 nos EUA), a escalada indoor é menos popular no caráter competitivo. A Associação Brasileira de Escalada Esportiva (ABEE), entidade responsável pela organização e regulamentação do esporte no país, foi criada só em 2014, o que mostra que tudo ainda é novidade nessa área. No entanto, a entrada do esporte no quadro olímpico faz, pouco a pouco, a escalada ganhar mais adeptos no país.

Como vão ser as provas de escalada esportiva na Olimpíada?

A escalada olímpica será uma combinação de três modalidades: boulder, dificuldade e velocidade. A competição será dividida por gênero, masculino e feminino, com 20 vagas para cada, e a pontuação será dada pela multiplicação da posição do atleta nas três provas – ou seja, cada atleta fará uma rodada em speed (velocidade), boulder e lead (dificuldade), seguindo essa ordem. 

Speed

Em velocidade, as paredes podem parecer mais fáceis de subir, mas ganha quem chegar ao topo primeiro. São colocados dois atletas em vias idênticas, lado a lado, e a escalada acontece simultaneamente. Cada um aperta um botão ao alcançar a última agarra, e vale quem fizer o menor tempo. É a única parte da competição em que dois atletas escalam juntos.

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Boulder

No boulder, as paredes são mais baixas, de 5 metros de altura, e o atleta escala sem o uso de cordas – o equipamento de segurança é um colchão, posicionado embaixo da parede. De acordo com as regras da IFSC (Federação Internacional de Esportes de Escalada, traduzido do inglês), a etapa qualificatória possui 5 paredes, chamadas de boulders, e a final pode ter entre 3 e 4m. O nível de dificuldade varia entre elas e cada atleta possui 4 minutos para subir quantos boulders conseguir. Quem completar mais boulders nesse tempo ganha mais pontos.

Dificuldade

Já em dificuldade, as paredes possuem no mínimo 12 metros de altura e os atletas escalam presos a uma corda, ligando-a aos pontos de proteção existentes, conforme vão subindo. Eles devem construir um caminho de, no mínimo, 15 metros de altura, e até 3 metros de largura, superando os desafios de cada parede. O tempo limite para cada tentativa é de 6 minutos e as agarras, peças fixadas na parede para apoiar pés e mãos durante a subida, possuem pontos atribuídos de acordo com a dificuldade que representam – o ranking final considera a pontuação das agarras e o tempo de subida.

Melhor de 3

Por ser uma competição combinada, a escalada nas Olimpíadas terá uma etapa qualificatória com os 20 competidores de cada categoria, masculina e feminina, e os 8 melhores de cada gênero vão para a final. Entre as rodadas de velocidade, boulder e dificuldade, os atletas terão um tempo de descanso e as etapas qualificatórias e a final de cada gênero não podem acontecer no mesmo dia. Por fim, os atletas ganham pontos pela performance nas três modalidades e o ranking final é a multiplicação das posições do atleta em cada um dos três rankings parciais. Ou seja, quanto menor esse resultado, melhor é a posição final.

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Brasileiros fora da disputa

As vagas para a escalada nas Olimpíadas foram definidas no Mundial de Escalada de 2019, na Copa do Mundo 2019, em um evento pré-olímpico realizado na França, e em torneios continentais. Infelizmente os atletas brasileiros não se classificaram.

No topo da lista, estão a atleta eslovena Janja Garnbret, do lado feminino, e o japonês Tomoa Narasaki, no ranking masculino. O Brasil teve a última chance de conquistar uma vaga no Pan Americano de Escalada, que rolou em Los Angeles, Estados Unidos, no final de fevereiro. O time que representou nosso país possuía quatro atletas de cada gênero, escolhidos pelo ranking de avaliação e indicação da comissão técnica:  Cesar Grosso, Felipe Ho, Jean Ouriques e Pedro Nicoloso, do lado masculino, e Thais Makino, Bianca Castro, Luana Riscado e Hellen Christina no time feminino. “A gente tinha uma boa expectativa, mas sabíamos que ia ser uma competição muito difícil”, diz Thais Makino, paulistana de 31 anos, campeã brasileira no ranking combinado feminino de 2018 e 2019.

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“Infelizmente, no Brasil, ainda há uma diferença bem grande, tanto de estrutura quanto de profissionais dessa área para poder nos ajudar”, pontua Thais, que conta que muita coisa mudou no cenário da escalada no Brasil desde que o esporte entrou para as Olimpíadas. Os atletas começaram a receber verba do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para bancar o treinamento, viagens para competições internacionais e preparação física. “Isso contribuiu para aumentar o orçamento anual e possibilitou um investimento maior na Escalada Esportiva de alta performance”, completa Neudson Aquino, analista técnico da ABEE.

Escalada no Brasil: próximos passos

Mesmo que a classificação para as Olimpíadas não tenha acontecido, a seleção brasileira de escalada tem muito a comemorar com a presença do esporte na competição. Até 2018, a própria Thais não treinava profissionalmente: ela trabalhava como assistente de fotografia e escalava nas horas vagas. Com a inclusão nos Jogos Olímpicos, ela agora possui patrocínio, um time com treinador, personal trainer (que ajuda na preparação física), nutricionista e fisioterapeuta e muito mais incentivo para levar o esporte como profissão.

Além disso, a estrutura da modalidade no Brasil também foi modificada. Foram criados mais ginásios voltados aos treinos profissionais de escalada, com materiais oficiais voltados para a competição. Com isso, aumenta a qualidade dos atletas e o número de pessoas que se interessam pelo esporte: “As coisas melhoram não só para nós, que somos atletas, mas para a comunidade como um todo. O esporte começa a ser mais difundido e isso é bem legal”, conclui Thais.

Os horários das provas de escalada nos Jogos de Tóquio

As provas de escalada esportiva acontecerão de 3 a 6 de agosto, no horário de Brasília:

 Terça, 3 de agosto, 5:00 – 10:40

  • Prova masculina de qualificação – Speed
  • Prova masculina de qualificação – Bouldering
  • Prova masculina de qualificação – Lead

Quarta, 4 de agosto, 5:00 – 10:40

  • Prova feminina de qualificação – Speed
  • Prova feminina de qualificação – Bouldering
  • Prova feminina de qualificação – Lead

Quinta, 5 de agosto, 5:30 – 10:20

  • Final masculina – Speed
  • Final masculina – Bouldering
  • Final masculina – Lead
  • Cerimônia de premiação

Sexta, 6 de agosto, 5:30 – 10:20

  • Final feminina – Speed
  • Final feminina – Bouldering
  • Final feminina – Lead
  • Cerimônia de premiação

Reportagem Camila Junqueira

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