Covid Longa: como voltar a treinar se você tem sintomas prolongados do coronavírus

Falta de ar, cansaço, dores de cabeça… A Síndrome pós-Covid (ou Covid Longa) pode afetar tanto a realização de tarefas simples, como subir escadas, quanto o rendimento nos treinos
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A doença pode até não soar como novidade aos nossos ouvidos — já estamos há mais de um ano lendo notícias sobre a Covid-19 e adotando medidas para evitar sua disseminação. Mas a verdade é que, para a ciência, ela ainda levanta muitas dúvidas e incertezas: a cada dia, os médicos e especialistas descobrem informações novas a respeito do assunto. É o caso dos sintomas prolongados da Covid-19.

Sim, pois é. Tem gente que, mesmo meses depois de contrair o vírus, ainda sofre com alguns dos seus efeitos. E como voltar à rotina e aos treinos com fadiga, cansaço e falta de ar, por exemplo? Veja o que os especialistas dizem. 

Os sintomas da Covid-19

A enfermidade pode acontecer em duas fases, como explica a cardiologista Rica Buchler, da Clínica Buchler. Na primeira delas,  os sintomas são bem parecidos com os de uma gripe: tosse, dor de cabeça, febre…  

Já a segunda etapa, e a que pede mais atenção, pode gerar inflamações em diversas partes do corpo, como nos pulmões e até no coração. É aí que entram as dores no peito.

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O intervalo entre o contágio e o aparecimento de todos esses sinais (chamado de período de incubação) geralmente varia de dois a 14 dias. Até o 11º, é muito provável que a pessoa já tenha manifestado todos os incômodos com que terá que lidar. “81% dos pacientes têm quadros leves, enquanto 14% desenvolvem quadros moderados a graves com baixa oxigenação sanguínea e falta de ar”, afirma o pneumologista e alergista José Roberto Zimmernan, da Alergo Ar (@alergoar).

Sequelas e sintomas prolongados: a Síndrome pós-Covid

Infelizmente, para alguns, os problemas não acabam quando o vírus vai embora. Isso porque o novo coronavírus pode deixar sequelas em órgãos como o pulmão. “O comprometimento dele acaba sendo tão grande que a falta de ar  e a dificuldade em respirar persistem. Nesses casos, remédios e fisioterapia respiratória ajudam”, diz José Roberto Zimmernan.

O coração também entra na lista dos ameaçados pela doença. “De modo simplificado, a Covid-19 é capaz de inflamar o coração e deixar uma espécie de ‘cicatriz’ em sua membrana. Mesmo depois de curada, a pessoa pode desenvolver até arritmia por causa disso”, diz a médica. E não para por aí: a perda muscular (no corpo todo, tá?) provocada pela enfermidade contribui para a sensação de fadiga e dores mesmo meses depois do diagnóstico. Isso sem falar na perda de olfato, paladar, lapsos de memória… 

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Como a Covid Longa afeta os treinos

Os pulmões do triatleta de elite Cesar Villalba, de Los Angeles, não são mais os mesmos. Ele postou em suas redes sociais que vem sofrendo com o problema desde que contraiu Covid-19, meses atrás. 

O esportista, de 34 anos, conta no seu perfil do Instagram que sofre recaídas. “Preciso ser honesto, sábado me senti mal de novo, sem conseguir respirar enquanto corria. Ainda não estou totalmente zerado, e a sensação era de estar como há cinco meses atrás [quando infectado], sem motivo aparente”, disse, mostrando que a recuperação da doença às vezes não é algo linear e progressivo como pensamos. 

Mas ele parece não desistir facilmente. “Voltando aos poucos, mas com consistência às sessões de corrida. Todas elas com menos de 40 minutos de duração e em um pace tranquilo, mas bom para trabalhar força e resistência”, disse algumas semanas depois. O que parece ter funcionado. “Estou sentindo uma evolução contínua, lenta, mas finalmente tenho a capacidade pulmonar para exigir de mim mesmo o suficiente.” 

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Como (e quando) voltar a treinar após ter coronavírus? 

Primeiro passo: refazer todos os check-ups médicos (mesmo se seus sintomas forem leves). “Para os casos mais tranquilos, um eletrocardiograma e um teste ergométrico bastam. Por outro lado, os mais graves pedem uma ressonância cardiológica — já que problemas não detectados podem afetar a prática de exercícios e até trazer riscos sérios para a saúde”, recomenda Rica Buchler. 

Se os exames detectarem alguma irregularidade, não volte para os treinos antes de receber o tratamento adequado (fisioterapia, remédios, procedimentos…). 

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Agora, se estiver tudo ok, é preciso entender por que o cansaço ainda continua. Sim, pode ser que os dias de repouso tenham diminuído seu condicionamento físico. Mas também há o fator perda de massa muscular. “Realize um teste de esforço e uma bioimpedância. Eles apontarão a causa”, afirma a médica. 

De qualquer forma, não existe solução rápida e nem milagrosa para a questão. Cada situação exige cuidado individualizado, readequação de metas (talvez você tenha que voltar algumas semanas na planilha, como fez Cesar) e muito reforço nos treinos de força. “Tente entender a seriedade da doença e dar tempo para o organismo se recuperar por completo. A paciência é o melhor caminho”, diz a cardiologista. 

Por Amanda Panteri

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