O que você precisa saber sobre a vacina contra a Covid-19

E o que ela tem a ver com seu treino
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A campanha de aplicação da vacina contra a Covid-19 começou no país no dia 17 de janeiro. Quem aqui não assistiu com um cisco no olho a enfermeira Mônica Calazans, 54 anos, ser a primeira a receber o imunizante CoronaVac? Se você está esperando a sua vez, deve estar ansiosa para garantir sua proteção e a de quem você ama. E, depois, claro, poder voltar ao box de crossfit, à academia ou mesmo aos treinos no escadão do bairro.

Antes de qualquer coisa, vale alertar: a vacina não é um passaporte para a vida normal – não ainda. Além de ter que esperar, em média, 14 dias após a segunda dose para garantir a imunização, você vai ter de continuar usando máscara e, se possível, seguir no isolamento social.

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Tudo isso posto, talvez você esteja se perguntando “mas e aquela corridinha solitária ou o treino em casa? Posso malhar normal depois de tomar a dose ou preciso ficar de molho por alguns dias? O que esperar dos efeitos?”. Ouvimos especialistas para tirar essas dúvidas. 

Vacina contra a Covid-19: quem pode tomar? 

Bom, que as  vacinas distribuídas aqui no Brasil são seguras e representam ótimas estratégias para conter a disseminação da doença, os cientistas já concordam. “Quanto maior o número de pessoas protegidas, mais fácil fica para controlar a propagação do novo coronavírus”, explica o médico patologista Daniel Dias Ribeiro, diretor do Laboratório São Paulo (@laboratoriosaopaulooficial). Logo, se você não faz parte de nenhum grupo com restrições, deve tomar sua dose.

O epidemiologista José Geraldo, especialista em vacina do Laboratório Hermes Pardini (@hermes.pardini), em São Paulo, divide os pacientes em três tipos: 

Maiores de 18 anos saudáveis: Podem (e devem!) tomar qualquer uma das vacinas que são dadas no Brasil.

Grávidas, lactantes, pessoas com doenças degenerativas e câncer, e menores de 12 anos: “Ainda não foi comprovada a real eficácia dos imunizantes nesses casos específicos. Vale reforçar que a questão é mais sobre a eficiência das vacinas do que seus potenciais riscos à saúde”. Por isso, José Geraldo afirma que é preciso consultar um médico de confiança antes de decidir. 

Alérgicos aos componentes das vacinas: Não devem tomar. 

Quais efeitos posso esperar? 

A CoronaVac geralmente provoca apenas reações locais, como dor, vermelhidão e inchaço na região da aplicação. “Já a de Oxford pode causar quadros mais generalizados, como dores musculares, um pouco de febre e sensação de mal estar. Mas todos esses sintomas são leves”, diz o epidemiologista. Ele afirma ainda que a segunda dose costuma gerar mais efeitos (um pouco mais fortes também) que a primeira. De qualquer forma, não há motivo para preocupação.

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Posso treinar depois da vacina contra Covid-19?

Como as reações variam de pessoa para pessoa e não diferem muito daquelas causadas por uma vacina de gripe comum, por exemplo, não há problema nenhum em querer gastar energia depois da injeção se você estiver se sentindo bem — a eficácia da vacina contra a covid-19 também não mudará por conta disso.

De acordo com os dois especialistas, o melhor a fazer é ouvir seu corpo: se  incômodos estiverem atrapalhando a realização de algumas tarefas (subir escadas, levantar as mãos), o mais recomendado é tirar o dia para descansar. E lembre-se de evitar exercícios de força para os braços, uma vez que eles podem aumentar a dor na região. 

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Mesmo se já tiver recebido as duas doses, nada de sair para correr sem máscara. “Estamos no meio de uma pandemia. Poucas pessoas ainda tomaram a vacina. Se você der o azar de fazer parte da parcela da população que não ficou 100% protegida, pode contrair uma forma leve da doença, não perceber e colocar outras vidas em risco”, alerta José Geraldo. 

A vacina contra Covid-19 faz mal para quem treina? 

Em janeiro deste ano, o aplicativo Whoop, que coleta dados sobre a saúde dos usuários por meio de uma pulseira, fez uma publicação em seu site afirmando que registrou um aumento da frequência cardíaca em grande parte dos clientes que relataram terem sido vacinados (cerca de 1200 pessoas). A marca disse que, em um período de quatro dias após receberem o imunizante, essas pessoas tiveram seus batimentos cardíacos (durante o repouso) elevados em até dois dígitos.

Contudo, a pesquisa tem falhas. A primeira delas é que não é um estudo científico e, portanto, não podemos fazer uma relação direta entre o que foi observado pela empresa e os efeitos da vacina. De qualquer forma, é sempre melhor confiar na ciência. “Não há indícios de que isso ocorra. Análises feitas com componentes parecidos, inclusive, nunca demonstraram problemas com a prática de atividades físicas. Mas é sempre bom dar um tempo de recuperação para o organismo sempre que algum efeito diferente surgir”, defende o epidemiologista. 

Reportagem Amanda Panteri

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