Escape de xixi durante o treino: será que é incontinência urinária?

Se você já ficou constrangida quando (ops...) sentiu umas gotinhas no meio da corrida ou na hora de levantar peso, temos duas notícias a dar. A primeira: você não está sozinha nessa. Segunda: isso pode se repetir se você não fizer nada a respeito
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Se você pensa que incontinência urinária é coisa de vovozinha, vai se assustar ao saber que cada vez mais mulheres jovens – e praticantes de atividade física –  estão sendo diagnosticadas com o problema. Existem vários fatores por trás dos números, claro. E os exercícios podem fazer parte tanto da causa como da solução. Isso porque, quando praticamos corrida, pulamos ou levantamos muito peso, jogamos mais pressão no assoalho pélvico. A musculatura dessa parte do corpo precisa estar fortalecia e preparada para essa sobrecarga. A gente explica.

O que é assoalho pélvico

É como se fosse o piso que fecha a parte inferior da bacia. É uma musculatura que vai do pubis ao cóxis e trabalha 24 horas por dia para sustentar alguns órgão – no caso das mulheres, útero, uretra, vagina e reto.

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O que é incontinência urinária

Trata-se de uma condição em que a pessoa perde urina de forma involuntária. “Qualquer perda, mesmo que uma gotinha, já é considerada incontinência”, explica a fisioterapeuta Claudia Rosenblatt Hacad, especialista em recuperação do assoalho pélvico. Embora seja mais comum em pessoas acima de 60 anos, o problema pode acometer todas as idades e gêneros – e cada vez mais mulheres jovens estão sofrendo com ele, viu? A anatomia e os hormônios femininos favorecem a incontinência. Também tem o fator gestação, quando o estrogênio amolece a musculatura para facilitar o parto, o útero cresce de tamanho e o assoalho pélvico precisa suportar um peso muito maior do que de costume para acomodar o bebê. “Da mesma forma, o sobrepeso se torna um fator de risco, pois aumenta a pressão sobre essa parte do corpo”, alerta Claudia.

Existem três tipos de incontinência urinária:

1) De esforço

Quando você percebe o escape de xixi ao tossir, gargalhar ou, por exemplo, fazer exercício físico.

2) De urgência

É aquela vontade imperiosa que aparece no meio de uma reunião, ou quando você está no elevador quase chegando em casa.

3) Mista

Incontinência urinária de esforço associada à sensação de urgência.

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Sinais de alerta

Alguns comportamentos podem estar relacionados a uma bexiga hiperativa. Fique esperta e procure orientação médica (ginecologista, urologista e geriatra são as especialidades mais indicadas) se você:

  • Vai muitas vezes ao banheiro mesmo sem aumentar o consumo de água – uma frequência normal é de 5 a 8 vezes ao dia.
  • Faz xixi antes de sair de casa para ir ao cinema, chega no shopping e já passa no banheiro “pra garantir” e ainda precisa dar uma fugidinha no meio do filme.
  • Sente aquele desejo gigante de urinar e, quando senta no vaso sanitário, sai só um pouquinho de xixi.
  • É acordada no meio da noite por uma vontade absurda de fazer xixi.

Incontinência urinária e atividade física

Além dos sinais acima, quem pratica atividade física pode perceber outros indícios de algo não vai bem no andar lá debaixo, como precisar parar no meio de uma prova de corrida para fazer xixi, interromper a aula de dança ou de spinning para um pit stop no banheiro, ou perceber gostas de urina molhando a calcinha durante o treino de crossfit.

“Quando você faz movimentos que exigem muita força, como levantar peso, o abdômen se contrai e pressiona a bexiga. Se a pressão no órgão for muito intensa, a urina escapa”, explica o urologista Cesar Nardy Zillo, do Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim (CEJAM), em São Paulo. Apesar de o assunto ainda ser tabu nas academias – ninguém vai dizer “terminei o WOD, mas, ops, fiz xixi” – ele é mais comum do que a gente imagina.

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 Alimentos que podem piorar o quadro

Bebidas gaseificadas e com cafeína e alguns alimentos específicos, geralmente favorecem as contrações da bexiga e devem ser evitados por quem sofre de incontinência urinária. A interferência pode ser maior para uma pessoa do que outra. “Por isso, orientamos a suspensão durante 15 dias e, então, o paciente volta, aos poucos, a introduzir os alimentos de que mais gosta. Assim, podemos avaliar se algum deles tem maior impacto”, explica a fisioterapeuta Mirca Batista Ocanhas, especialista em fisiologia do exercício e reeducação uroginecológica. Os alimentos que tendem a aumentar a incontinência urinária são:

  • Cítricos
  • Café
  • Chás com cafeína
  • Molho de tomate
  • Carnes defumadas
  • Queijos amarelos
  • Corantes
  • Água com gás
  • Refrigerantes
  • Bebidas alcóolicas

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Exercício também é tratamento

Para evitar a perda de urina, faça exercícios para tonificar o assoalho pélvico. Você pode pedir para o profissional que te orienta na academia incluir exercícios específicos ao seu treino. Agachamentos, pranchas e elevação de quadril estão entre os mais eficientes, mas o mais importante é que você contraia bem a região durante o movimento. Para te ajudar a perceber se a musculatura está sendo realmente ativada, você pode usar alguns acessórios: na elevação pélvica, por exemplo, pressione uma pequena bola entre os joelhos.

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