Síndrome de Burnout: os 12 estágios do esgotamento mental

Necessidade de aprovação, isolamento, depressão... Especialistas identificaram 12 fases que levam ao burnout. Mas nem sempre as pessoas percorrem todas elas antes de sofre com os sintomas de um colapso mental
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Exaustão, stress, estafa, cansaço emocional, vazio interno, despersonalização… Poderíamos estar falando de depressão ou ansiedade, mas estes também são sintomas de outro distúrbio psiquiátrico: a síndrome de burnout. Conhecida como esgotamento profissional, ela acontece no ambiente de trabalho e resulta de uma pressão excessiva, muita responsabilidade e cobrança – que podem vir da própria pessoa que sofre do problema.

“A síndrome do burnout é um nível devastador de stress e tem relação direta com o trabalho”, aponta Ana Maria Rossi, presidente da International Stress Management Association (ISMA-BR). Desde o início de 2022, ela passou a ser considerada pela Organização Mundial da  Saúde (OMS) uma doença ocupacional. Independentemente da profissão, qualquer pessoa está sujeita ao colapso mental se não prestar muita atenção em si mesma e se deixar levar pelos excessos, cada vez mais comuns em nosso dia a dia.

Ao atingir o ápice da síndrome do burnout, é como se a mente cansada entrasse em colapso e o profissional ficasse incapacitado para trabalhar. No entanto, até chegar aí, existe uma série de sinais que podem significar um princípio da síndrome. Por isso, quanto antes forem detectados, melhor. “O burnout não ocorre do dia para a noite e pode ser acumulado durante anos de trabalho”, alerta Ana Maria.

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Os estágios da síndrome de burnout

A síndrome do burnout foi definida nos anos 70 pelo psicanalista americano Herbert J. Freudenberger. Nesse período, ele detectou o problema em si mesmo e viu semelhanças em outros colegas que, ao vivenciar uma sobrecarga contínua de trabalho, passavam a tratar seus pacientes com desprezo e negligência. Porém, apesar de ser conhecido há muito tempo, o burnout só entrou para a lista de doenças da OMS em maio de 2019, como um distúrbio psiquiátrico. 

Freudenberger, junto do também psicanalista Gail North, detalhou o caminho que leva ao burnout, o dividindo em 12 estágios que podem acontecer em ordem e intensidade diferentes, dependendo do caso. “Os primeiros estágios são os que distinguem o burnout do início de uma depressão”, ressalta Alexandre Valverde, médico psiquiatra. Há quem viva várias fases de uma vez, ou vá direto para as mais graves, mas vale a pena refletir se você pode estar em alguma delas.

1) Necessidade de aprovação

É uma ambição além da conta. Quando, por exemplo, você passa a precisar provar o tempo todo aos colegas – e principalmente, a você mesma – que está fazendo um ótimo trabalho.

 2) Excesso de trabalho

Como você começa a exigir mais de si mesma, acaba estendendo o expediente para dar conta de tudo. Por isso, é comum chegar mais cedo e ser uma das últimas a sair do escritório, além de assumir várias responsabilidades de uma só vez, sem contar com a ajuda de ninguém. “Você está sempre aquém do nível de exigência que você mesma se coloca, então, embora sinta o cansaço mental, você se doa cada vez mais”, aponta Alexandre. 

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3) Deixar necessidades pessoais de lado

Quando toda sua vida começa a girar em torno do trabalho, você relega em segundo plano atividades como dormir o suficiente, comer bem e estar perto da família e dos amigos. São sacrifícios feitos em função do trabalho e que vão desenhando o quadro da síndrome do burnout. 

4) Recalque de conflitos

Você até percebe que está com problemas, mas não consegue identificar a causa deles. Como não há tempo para investigar, ocorre uma fuga dos sintomas –  afinal, você não quer demonstrar fraqueza justo agora que tem tanto trabalho. “Você se acha fraca ao se comparar a colegas bem sucedidos”, explica Alexandre.

5) Revisão de valores

Suas percepções começam a mudar, ou seja, o que antes você considerava errado passa a fazer parte do seu cotidiano. “São mudanças no aspecto ético: você começa a desvalorizar desde coisas simples até as mais importantes, e muda a forma como avalia o trabalho do outro”, explica Alexandre. Se você adota o hábito de almoçar na mesa para não perder tempo, começa a achar errado que seu colega saia para comer num restaurante ou no refeitório da empresa, por exemplo.

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6) Negação do problema

Aqui surge a impaciência com o outro e uma irritabilidade maior no dia a dia, o que pode comprometer a produtividade e a convivência com colegas de trabalho. Frequentemente, passa a ver quem não trabalha no seu ritmo como preguiçoso ou indisciplinado. Suas atitudes e o stress crescente estão diretamente relacionados à pressão e ao excesso de demandas, mas você ainda não entende que precisa de ajuda.

7) Afastamento 

Nesse estágio, o contato social é drasticamente reduzido. Assim, você se sente cada vez mais sozinha e sem perspectivas de melhora. “Mesmo se você adorava fazer happy hour com o grupo do trabalho, agora sai voando do escritório para nem te convidarem”, ressalta Ana Maria.

8) Mudanças de comportamento

Você não consegue sustentar as próprias mudanças e passa a se fechar para os outros. Além disso, deixa de ver importância no próprio trabalho e se sente completamente desvalorizada.

9) Despersonalização

Você perde o contato com si mesma e passa a viver no piloto automático. Dessa forma, não tem percepção das necessidades pessoais ou motivação para trabalhar. É como se você se desconectasse de tudo o que acredita ou gosta de fazer.

10) Vazio interno

O vazio, que já estava crescendo, se expande drasticamente. Muitas vezes, a pessoa pode recorrer a qualquer coisa para preenchê-lo. Podem acontecer  exageros na alimentação, em relações sexuais e até vícios como drogas e álcool.

11) Depressão

É o estágio em que os sintomas do burnout se confundem com os da depressão. A vida perde o sentido, a pessoa se torna apática e indiferente a tudo o que acontece. “Você sente uma exaustão e se arrasta para o trabalho e para a vida, fica terrivelmente abalada”, aponta Ana Maria.

12) Síndrome de Burnout

Na última etapa, ocorre o colapso, um esgotamento mental e físico, que deixa a pessoa incapacitada para trabalhar. É quando não há mais alternativas e é preciso se afastar do escritório e buscar urgentemente um tratamento com psicólogos e psiquiatras. Além disso, podem ocorrer também manifestações físicas, como taquicardia, sudorese e crises de pânico.

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Como tratar o burnout?

Se você já faz terapia e tem um olhar voltado para a saúde mental, é mais difícil chegar aos estágios mais graves. Mesmo assim, é importante  respeitar seus próprios limites para não cometer excessos. 

Ter um estilo de vida saudável também ajuda a lidar melhor com a síndrome de burnout: “Você se torna mais resistente ao burnout se tiver uma alimentação saudável, não pular refeições, respeitar um tempo para fazer atividade física… tudo isso ajuda”, conclui Ana Maria. Não se esqueça de que autocuidado não é egoísmo, é autocompaixão.

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